Livro: Inferno - Dan Brown | Resenha

Quem gosta de história certamente conhece, leu ou já ouviu falar do poema épico e teológico Divina Comédia escrito pelo italiano Dante Alighieri no século XIV. O poema é dividido em três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso, sendo que o primeiro é um dos mais famosos e é o tema principal do livro escrito por Dan Brown. 

Dan Brown é um dos principais autores de suspense da atualidade, um dos seus livros mais vendidos foi O Código da Vince que vendeu mais de 80 milhões de cópias em todo o mundo. Porém, o que poucos sabem é que o primeiro livro com o personagem Robert Langdon foi Anjos e Demônios. Depois do livro de maior sucesso o autor escreveu O Símbolo Perdido e recentemente Inferno também com o mesmo protagonista. Todas as histórias criaram polêmicas fazendo com o que o autor ganhasse também alguns leitores que não gostam dele. Contudo, Inferno não é um livro muito polêmico, sendo também o mais diferente dos quatro com o Robert, mas ainda assim não é a melhor história e muitos dos "ingredientes" usados pelo autor ainda são iguais aos livros anteriores.

"Os lugares mais sombrios do Inferno são reservados àqueles que se mantiveram neutros em tempos de crise moral" - Dante

Inferno trás em sua narrativa assuntos principais como o livro Inferno de Dante e o tema de superpopulação mundial e como que lidamos com isso, assim como a  OMS (Organização Mundial de Saúde) e outros meios. Portanto, a narrativa é atual mas também trás consigo ligação com o passado e o poema e vida de Dante assim obras de pintores que se inspiraram em Inferno para construir quadros influenciando também a população da época e até mesmo a nós nos dias de hoje com a visão que temos do inferno.

Grande parte da trama acontece na Itália. Logo no início o professor e simbologista Robert Langdon acorda em um hospital sem se lembrar de nada que ocorreu nos últimos dois dias, ele não imagina a razão de estar na Itália e nem de como foi atingido por um tiro de raspão em sua cabeça. Ainda confuso ele vê o médico ser assassinado em sua frente por uma mulher que parece querer capturá-lo, correndo risco de vida ele é salvo pela médica Sienna Brooks e consegue fugir. A doutora leva o professor para seu apartamento e lá ele descobre que Sienna é muito inteligente (tem QI de 208), entre outras coisas sobre ela, e o mais importante: um misterioso conteúdo guardado em um bolso em seu palito que até então ele não tinha conhecimento.

Ao ver do que se trata o misterioso conteúdo, Langdon se vê envolvido com um mistério e precisa desvendá-lo se quiser salvar a sua vida e da Sienna. A médica passa a auxilia-lo para fugir e desvendar o mistério que tem ligações com a Divina Comédia. A partir de agora, pessoas muito importantes estão atrás deles e também do conteúdo carregado pelo professor, e acima de tudo: tudo isso foi causado por um vilão, que se suicida no início da trama.

Ao longo de sua fuga, Robert passa por lugares como a Galleria degli Uffizi, o Dumo de Florença, a Basílica de São Marcos e até mesmo Instambul é cenário da história. Dan Brown consegue descrever bem esses lugares, mas infelizmente se perde ao explicar a história por trás dos cenários, fazendo com que alguns capítulos fiquem chatos e cansativos em alguns momentos e até mesmo desnecessários. O autor, as vezes, em um capítulo descreve mais o cenário do que dá continuidade a história.

Além do livro ser muito detalhado tem algo que pode incomodar muitas pessoas: o desfecho da história. Ao longo do livro não encontramos muitas coisas impossíveis de acontecer realmente, porém o final ficou totalmente exagerado e o leitor pode-se perguntar: precisou de tudo isso para chegar aqui? Além disso não é possível se apegar tanto com os personagens e tudo é roteirizado demais.

Inferno não é o melhor livro de Dan Brown, talvez seja o pior da série que trás Robert Langdon como personagem. Mas ainda assim a leitura é rápida, viciante e eletrizante, além disso possui muitas reviravoltas e temas super interessantes. Além disso, o autor traz Itália como cenário principal juntamente com lugares que o leitor fica com vontade de conhecer, de parar a leitura e pesquisar na internet imagens, assim como os assuntos tratados. Com certeza quem ler o livro ficará com interesse em conhecer a Divina Comédia e verá a superpopulação mundial com outros olhos.  E sim, vale a pena conhecer essa obra.

"A ciência está progredindo tão depressa que ninguém mais sabe como estabelecer limites." - Inferno

A edição:
Não tenho muito o que falar da edição brasileira de Inferno já que ela é idêntica a edição americana, com exceção dos capítulos que continuam na mesma página em que o anterior termina, no material do papel e na letra que é menor. A tradução ficou muito boa e os desenhos mantiveram-se sem nenhuma mudança. Um detalhe que achei interessante é que a capa é totalmente coerente com a história. O livro tem 448 páginas, foi lançado nesse ano e traduzido por Fabiano Morais e Fernanda Abreu.

Obs:
- O livro vai virar filme e estreará em dezembro de 2015, segundo a Sony. E ainda mais: o filme de O Símbolo Perdido foi cancelado!

- Na obra somos apresentados ao Consórcio, e ela de fato existe (da medo, sério), mas o nome da verdadeira organização secreta que tem escritórios em vários países teve seu nome modificado no livro por questões de segurança e privacidade.

- Todas as referências históricas e obras de arte, literatura e ciência citadas no romance são reais.

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