26 dezembro, 2014

Resenha do livro O Doador de Memórias - Lois Lowry

The Giver é a primeira obra do Quarteto O Doador escrito por Lois Lowry em 1993. O livro foi ganhador da Medalha Newbery em 1994 e teve mais de onze milhões de cópias vendias. No Brasil, The Giver foi lançado como O Doador, ainda pela Editora Sextante, e mais tarde publicado em uma nova versão pela Editora Arqueiro com o nome O Doador de Memórias e uma nova capa, ambos devido a adaptação cinematográfica lançada em 2014.

O Doador de Memórias (The Giver) de Lois Lowry | Editora Arqueiro, 2014 |Páginas: 192

Ainda na década de 90 Lois Lowry soube bem criar uma distopia, gênero que veio se popularizar recentemente, principalmente com o sucesso de Jogos Vorazes. Atualmente muitos comparam as distopias com a história que se passa em O Doador de Memórias, contudo temos aqui um cenário totalmente diferente, com personagens um pouco menos marcantes, com menos romance e muita crítica a sociedade e uma importante e inteligente reflexão e filosofia por trás do enredo. Algo totalmente diferente do modismo da maioria das histórias distópicas atuais, o que pode decepcionar algumas pessoas e agradar outras que buscam algo diferente.


Todos os anos, em uma sociedade perfeita, ocorre uma cerimônia para que as crianças de até 12 anos possam passar para um novo estágio de sua vida encontrando novidades e novas tarefas e costumes. Contudo, 12 anos é a idade máxima para uma pessoa participar dessa cerimônia, o último ano em que a idade é normalmente contada, é a etapa de vida onde cada criança vai conhecer o papel que será desempenhado na sociedade que ocorre geralmente devido ao costume observado ao longo dos anos de vida buscando sempre pessoas que possuem dons certos para aperfeiçoar o sistema. Geralmente, durante a cerimônia a chefe do conselho dos anciões apresenta para as crianças as "novidades" que irá ocorrer no próximo ano o que é sempre comemorado pelo público que repete continuamente frases prontas, conforme os hábitos adquiridos até então.


Alguns dias antes dessa cerimônia conhecemos um jovem de 12 anos chamado Jonas. Esse rapaz vive com os pais e uma irmã e ainda não possui ideia da tarefa que será atribuída a ele nos próximos dias, aparentemente ele é como qualquer outra pessoa, não possui sentimentos intensos, não enxerga as cores com exceção de preto e branco, não conhece os animais, os carros, nem a neve, chuva, doenças, desigualdade, nenhum tipo de mal entre os indivíduos, entre diversas outros ingredientes que fazem da sociedade um local perfeito. Porém, frequentemente o rapaz vê coisas estranhas, diferentes e incompreensíveis, mas nunca compartilhou com ninguém esse fato.


No dia da cerimônia o jovem tem uma surpresa: ele será o novo Recebedor de Memórias, a única pessoa no sociedade que sabe como era o mundo no passado, que receberá a lembrança de tudo que vivemos hoje, dos animais, dos livros, da música, cores, da guerra entre diversas outras coisas. Geralmente o recebedor não tem muito contato com o resto da sociedade e passa a maior parte do seu período de aprendizagem com o atual Recebedor de Memórias, que será agora o Doador de Memórias ajudando também nas leis e auxiliando em outras mudanças que podem ocorrer na sociedade, sem ferir o principal ideal.


Contudo, não será tão fácil para Jonas conhecer outra coisa que não seja o presente, conhecer o passado tem suas vantagens e seus momentos alegres, mas também trás momentos difíceis e dolorosos. Diferentemente da antiga recebedora o jovem não pode desistir do seu ''cargo'' e terá que ir até o final, mas isso não será tão fácil a partir do momento em que Jonas deter todo o conhecimento e poder ser crítico, analisando algumas coisas incríveis que foram perdidas e outras que fazem da sociedade perfeita um verdadeiro pesadelo. Afinal, até que ponto uma sociedade perfeita é o ideal? E porque o mundo sofreu essa transformação? O que aconteceu?


Toda essa história é incrivelmente contada em apenas 192 páginas, mas como consequência a autora não aprofunda muito em questões como o romance entre personagens, ponto que é muito bem explorado no filme, mesmo a sociedade não permitindo tal fato. Além disso Lois poderia ter aprofundado e explorado mais em determinados momentos da história, algumas coisas acontecem rápido demais enquanto outros pontos simplesmente não existem. Se compararmos o livro com o filme veremos que a adaptação cinematográfica, que supera a obra, soube muito bem contornar esses empecilhos de maneira simples e inteligente.

Contudo, a leitura é rápida, simples e viciante, é possível ler, se emocionar e filosofar com O Doador de Memórias em apenas um dia e fazer da história uma das melhores lidas entre outros livros. Mas, para ter uma experiência completa e entender o objetivo e desfecho final do livro é importante ler as continuações, o que não será um empecilho já que curiosidade é algo que certamente não faltará entre os leitores.

Adquirimos controle sobre muitas coisas. Mas tivemos de abrir mão de outras.
Trailer do filme legendado



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  • Nota geral: 4,5 / 5,0 = Ótimo

    Livro lido em versão digital sem vínculo com editora.
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    Um comentário:

    1. COMO ASSIM o filme é melhor do que o livro? Isso é, sem dúvidas, uma coisa muito rara! Hahaha
      Eu curti bastante este livro, e a continuação dele também é boa, mas, infelizmente, não responde nenhuma das muitas questões que "O Doador de Memórias" nos deixa. ;-;

      Abraços,
      Rafa-Eu + Livros
      www.eumaislivros.com.br

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